Sem data, sem assinatura… Com culpa

Sem data, sem assinatura… Com culpa 1176 662 Zilá Marcia Chamon

Vamos conversar sobre a culpa? Antes proponho assistirem um belo filme iraniano que foi traduzido para o português com o título “Sem Data, Sem Assinatura”.

Muito se falou sobre como o diretor Woody Allen aborda “a culpa” em vários de seus filmes como “O Sonho de Cassandra” e “Match Point”. No entanto, fui surpreendida com este impactante filme do diretor Vahid Jalilvand, de 2017.

Ainda que num ritmo mais lento do que estamos acostumados a ver nas produções norte-americanas, este intrigante drama nos mantém atentos  e interessados até a última cena.

É interessante percebermos que, mesmo em um contexto cultural tão diferente do nosso, podemos nos identificar com as adversidades retratadas no enredo. Com muita delicadeza, Vahid nos leva a questionar alguns valores em pauta nos dias de hoje como a ética e a capacidade de empatia diante da dor do outro.

Não procure por heróis nem por bandidos. De forma realista, a culpa, impulsionada pelo conflito, circula por todos os personagens e compõe o cenário principal. Não da forma tão contemporânea como muitas vezes nos sentimos culpados: pelos fracassos diante dos imperativos de sucesso da nossa sociedade. Mas a culpa pelo dilema ético do que é justo; pela forma como lidamos com a transgressão; de como nos responsabilizamos pelos nossos atos, como negociamos com o nosso desejo.

Por vezes, ficamos desconfortáveis com nossas falhas, mas não nos responsabilizamos por elas. O filme vai apresentar uma outra maneira de encararmos nossas dívidas: a de  nos implicarmos com aquilo do qual nos sentimos culpados. Talvez seja esta a real possibilidade de reparação ou de aceitação de que erramos. Talvez seja preciso  que façamos  uma pergunta para nós mesmos: Afinal,  qual é a parte que nos cabe daquilo do qual nos queixamos?

Não deixem de assistir este belo filme. Aguardo os comentários de vocês. Abraços