SETEMBRO AMARELO – o suicídio em destaque

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SETEMBRO AMARELO – o suicídio em destaque

Profa. Dra. Angela Biazi Freire

A partir de recomendações da OMS – Organização Mundial da Saúde, o dia 10 de setembro foi definido como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio e, por isso, durante todo o mês de setembro as campanhas e debates sobre o tema se intensificam.

O Conselho Federal de Medicina informa que há cerca de 12 mil suicídios todos os anos no Brasil e que nos últimos 20 anos esse número teve um aumento de incidência de 30% entre jovens de 15 a 29 anos. Dados reveladores e preocupantes, que merecem a atenção das diversas áreas da Saúde, dentre elas a psicologia.

As investigações sobre o tema são antigas e pode-se afirmar que o suicídio é foco de pesquisas multidisciplinares envolvendo a história, a religião, a cultura e a saúde. Um dos primeiros estudos foi do sociólogo francês Émile Durkheim que escreveu o livro “O Suicídio” em 1897. Destacam-se, também, nos escritos de Sigmund Freud discussões pertinentes ao tema desde o conhecido texto “Luto e Melancolia” (1917-1915) e o importante tratado sobre “O Mal-Estar na Civilização” (1930-1929), sendo aprofundadas por diversos autores até os dias atuais.

A partir desses estudos aponta-se para a importância de não tornar o suicídio um “tabu” proibido de ser discutido ou um “mito” indecifrável. Também se exige cautela às generalizações ou às explicações simplistas que buscam causas e soluções objetivas. A psicanálise considera que pequenos sinais, questionamentos e idéias sobre a morte, merecem atenção, pois revelam conflitos e sofrimentos, independente de definições nosológicas específicas (classificações e descrições de doenças).

Os caminhos para as ideações ou atos suicidas são múltiplos e a compreensão sobre os sentidos para a morte pode levar à nova ligação com a vida. Nesta busca, alguns pontos se repetem, como aqueles que demandam amor, carecem de reconhecimento e que pensam no ato como uma forma de apelo ao outro.  O enfraquecimento dos laços sociais também pode torna-se motor para esgarçamentos, rupturas, isolamentos, práticas de risco, que demonstram fragilidades nos investimentos a favor da vida. A busca por calar o que gera angústia, sanar o sofrimento e obter serenidade podem ser os sentidos para outros.

A partir dessas formulações, a psicanálise entende que é necessário falar da dor, traduzir em palavras todos os sentimentos, sem que haja julgamentos. O entrar em contato com os conteúdos desconhecidos até mesmo por aquele que fala, pode possibilitar uma dinâmica que favoreça o encontro de “representações” para as contradições, as faltas e os conflitos do viver.

Imagem: SENECIO, Paul Klee, 1922